Crítica
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Sinopse
Em Educação Sentimental, Áurea se encanta inesperadamente por um rapaz a quem dá aulas particulares. Solitária, se vê atraída pela beleza que a leva a perder-se. Ela revela seus sentimentos e isso traz à tona uma história incomum do passado.
Crítica
Educação Sentimental, de Júlio Bressane, não foi exibido; aconteceu. Diferente de um processo, que pressupõe desenvolvimento, o filme se deu por completo. O final estava em tela desde o início, indivisível - indissociável. A forma é conteúdo, contaminada pela concepção indiscutivelmente original do diretor. O vocabulário tradicional do cinema não dá conta. Educação tem uma história? Bem, sim. Mas é inútil pensar nela como figura narrativa. Áurea (Josie Antello) é a professora que encontra Áureo (Bernardo Marinho). A diferença é de uma letra, diz o jovem. Entretanto, o que os difere sensivelmente é o saber. Ela conhece. Ele desconhece. Ela fala. Ele escuta. A falta de simetria proporciona o ensinar, o mais antigo dos processos. Sentados lado a lado, lições que perpassam a história do conhecimento: artes, história, biologia, cinema. A relação cria uma tensão sexual explícita, mas controlada - domada pelos sentimentos educados. Entremeado a isso está a mitologia de Endimião, mortal que se atreve a despertar a paixão da deusa da Lua. A relação se transporta para o filme como mote de união e dispersão.
Bressane é o Heráclito do cinema nacional. Quanto mais obscuro, mais claro - quando claro, incompleto. Por isso, Educação é o que nos proporcionam os dois personagens. Mas, no fundo, vai além. Transforma-se na chance de ser uma plataforma para o espectador. Retrato do mundo perdido, o mundo do ouvir e do ensinar. O conhecimento como um processo místico, livre da necessidade financeira ou molestado pela vaidade.
Educação Sentimental é um filme fora de moda, que exige paciência, assim como os ensinamentos da professora. A importância em reconhecer a porcelana francesa se esvai na régua com a qual selecionamos o uso do tempo: a utilidade. A aposta de Bressane é a de levar para a experiência do cinema a máxima de John Keats, em seu poema Endymion: “o que é belo há de ser eternamente uma alegria, e há de seguir presente”.
Se os dois primeiros momentos do filme funcionam de maneira uníssona, o terceiro, porém, parece descompassado. Atravessado, como os estrangeiros que chegavam à Grécia Antiga e eram feitos escravos, o terceiro ato se descola e não se expande. O trabalho de mostrar as filmagens é restritivo, inferior - menos criativo, menos contundente, por vezes, inacreditavelmente previsível -, é um sopro no castelo de cartas do diretor.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Willian Silveira | 5 |
Ailton Monteiro | 7 |
Chico Fireman | 7 |
Alysson Oliveira | 7 |
Alex Gonçalves | 7 |
MÉDIA | 5.6 |
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